A paixão fatal d’el-Rei D. Pedro I : 1325 - 1355
O amor vence a morte
Em Agosto de 1325, D. Pedro I casa com D. Constança, fidalga castelhana, cujo pai tem um contencioso com Afonso XI de Castela. Do séquito da fidalga castelhana faz parte D. Inês de Castro, dama galega, cujos irmãos também hostilizaram D. Afonso XI. D. Constança é a noiva, mas D. Pedro fica deslumbrado com a formosura de D. Inês. Foram amantes. D. Constança morre e deixa um filho: D. Fernando, legítimo herdeiro ao trono. De D. Inês, D. Pedro tem 3 bastardos. El-rei e a nobreza temem que algum dos bastardos possa impugnar a sucessão, num perigo eminente de guerra civil. Entendem os conselheiros do rei que só a morte de Inês poderá livrar D. Pedro dessa funesta situação. Também a arraia-miúda a condena pois não quer mais guerras com Castela. Faz-se a reunião do conselho de D. Afonso IV. Diogo Lopes Pacheco, Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves convencem o monarca a decretar a morte de Inês. Pedro está fora numa caçada e aqueles nobres e o rei invadem o Paço de S. Clara, em Coimbra e Camões descreve assim em versos imortais: “estavas linda Inês posta em sossego / de teus anos colhendo doce fruto / naquele engano de alma ledo e cego / que a fortuna não deixa durar muito /”. De pouco valeu o choro da jovem e bela Inês, os gritos alucinantes dos seus filhos de tenra idade, nada afligiu os algozes que rapidamente se abeiraram dela e a trespassaram com as suas espadas, deixando-a prostrada no chão, num enorme charco de sangue. D. Pedro ao regressar, sabendo da tragédia não descansou até encontrar os criminosos e a sua justiça foi implacável: mandou-lhes tirar o coração, a um pelas costas e a outro pelo peito. Manda trasladar o corpo de D. Inês do mosteiro de S. Clara para o mosteiro de Alcobaça. Os seus restos mortais são transportados em liteira de luxo, acompanhada pelos nobres, cavaleiros, burgueses, clérigos e plebeus. Pelo caminho até Alcobaça via-se muita gente com círios acesos. Obrigou a nobreza a prestar vassalagem à rainha D. Inês, beijando-lhe a mão. D. Pedro morre em 1367 e o seu corpo foi depositado no túmulo de Alcobaça, ao lado do túmulo de D. Inês, “aquela que depois de morta foi rainha”. D. Pedro governou 10 anos e o povo choroso dizia que este rei nunca havia de morrer. Foi cognominado de justiceiro.